Barbara Mannara – Colaboração para Tilt*, do Rio de Janeiro
Essa interação entre tecnologia e pessoas parece um episódio de Black Mirror, série da Netflix, mas é bem real. No meio da noite, uma passageira espera sozinha no ponto de ônibus a chegada do transporte público. De repente, a tela que até então exibia publicidade passa a perguntar se ela quer companhia. Em segundos, outra mulher surge, e as duas começam a conversar.
Equipado com câmera noturna, microfone e internet, o equipamento detecta a presença de indivíduos e interage com eles por chamada de vídeo. A ideia de transformar a experiência nas paradas de ônibus mais seguras, principalmente para mulheres, viralizou ao ser implantada em Campinas, interior de São Paulo, e deve chegar em agosto à capital paulista e ao Rio de Janeiro.
Idealizado em parceria pela Eletromidia e a agência AlmapBBDO, o “Guarded Bus Stop” funcionou durante o mês de abril em cinco pontos de ônibus na cidade de Campinas. Durante o piloto, foram realizadas, em média, 150 chamadas por noite.
Em fase de negociação com marcas parceiras, será expandido em agosto para 100 pontos, considerando as três cidades.
Premiada internacionalmente, o “Guarded Bus Stop” levou o Leão de Ouro em Cannes, na categoria Mídia, e Bronze em Experiência de Marcas.
Os “outdoors de chão” tradicionais — também chamado de MUB’s — foram substituídos por uma versão mais tecnológica. Durante o dia, eram exibidas propagandas tradicionais. Durante a noite, porém, a tela se transformava em um ponto de comunicação ao vivo.
Os MUBs equipados com internet móvel 5G, câmera noturna Full HD, microfone e tela sensível ao toque permitiam a interação em tempo real com os passageiros. Quando detectava que uma pessoa estava sozinha no local, o MUB exibia uma mensagem em texto: “Você precisa de companhia até o ônibus chegar?”, acompanhado de um botão de “Peça Agora”.
Se a companhia fosse solicitada pelo usuário, uma ligação de vídeo era iniciada com uma atendente da empresa. A especialista aparecia na telona e atuava como uma acompanhante digital, para que a pessoa não ficasse sozinha enquanto o ônibus não chegasse. Ao finalizar a chamada, o aparelho voltava a exibir um anúncio normalmente.
O projeto foi idealizado inicialmente para mulheres, mas entendemos que a sensação de vulnerabilidade pode acontecer independentemente de gênero. Portanto, o foco do projeto é ajudar pessoas que estão sozinhas em paradas desertas e oferecer companhia até que o ônibus chegue.Alexandre Guerrero, presidente-executivo da Eletromidia
O vídeo publicado no canal da Eletromídia no YouTube se espalhou pela internet e chamou a atenção dos usuários, principalmente de mulheres. Espalhado por páginas e perfis pessoais no TikTok e Instagram, o vídeo recebeu comentários emocionados. As postagens já acumulam milhares de curtidas nas redes sociais.
A Eletromidia não entrou em detalhes sobre como foi feita a seleção e capacitação dos especialistas que acompanharam os usuários durante o mês de testes. A empresa contou que, para a expansão do projeto, está revendo todos os protocolos, incluindo a central de atendimento e seus procedimentos.
informações via uol.com.br/tilt